sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Antonio Fagundes e Stênio Garcia: três décadas de amizade.

Roberta Escansette

DO EGO, NO RIO





Está sentindo falta desse encontro em "Duas Caras"? Pois os amigos Stênio Garcia e Antonio Fagundes também torcem para isso acontecer. Os personagens dos atores, Paulo Barreto e Juvenal Antena, são de núcleos diferentes e ainda não se encontram na história. "Não será um embate amigável. Barreto é advogado do inimigo do Juvenal, Marconi Ferraço (Dalton Vigh)", conjectura Fagundes.

Enquanto o autor Aguinaldo Silva não escreve este capítulo, nossa equipe esteve com Fagundes e Stênio na cidade cenográfica da novela, no Rio, para falar sobre essa amizade que já dura 29 anos.

A seguir, os melhores trechos do bate-papo com os atores que comentam momentos marcantes dessa trajetória profissional e pessoal, as suas afinidades, os boatos de brigas e a possibilidade do seriado "Carga Pesada" voltar para a grade da Globo em 2008. "Nós torcemos para isso", afirma Stênio.

Vocês lembram quando ficaram amigos?
Stênio Garcia: Tem uns 30 anos, mais ou menos. Mas a gente se namorava antes.

Antonio Fagundes: Quando eu comecei a fazer teatro, o Stênio já estava bombando. Eu vi um monte de coisas maravilhosas dele. Mas a gente foi apresentado oficialmente em “Carga Pesada”, em 78.

E foi amizade à primeira vista?
Stênio Garcia:
(Risos) Conhecia o Fagundes de teatro. Ele fazia parte de um grupo que eu tinha uma admiração muito grande, o pessoal do "Teatro de Arena". Eu trabalhava com um teatro mais tradicional. Uma das peças que eu vi, que fiquei apaixonado por ele (risos), foi “Castro Alves Pede Passagem”.

Antonio Fagundes: Ele fala tradicional... tradicional dele é "Cemitério de Automóvel", que era aquele espetáculo louquíssimo.

Vocês fizeram juntos duas vezes o seriado "Carga Pesada", novelas ("Corpo a Corpo", em 1984, "O Dono do Mundo", em 1991, "O Rei do Gado", 1996) e um filme, "Leila Diniz", em 1987. Tem alguma cena em especial que marcou?
Stênio Garcia: Lembro de uma cena em “O Rei do Gado”. Ele era o patrãozinho (Bruno Mezenga), como o meu personagem Zé do Araguaia o chamava. Caiu o avião dele e o Zé ficou desesperado. Criou-se uma ansiedade em torno da volta do Bruno Mezenga. Eu me lembro que estava em Belo Horizonte para dar uma palestra e vi umas 300 pessoas juntas assistindo ao primeiro reencontro dos dois. Foi emocionante.

Após uma longa temporada de “Carga Pesada”, sentem falta de contracenar juntos?
Stênio Garcia: Sinto. Mas isso pode acontecer, por causa do personagem do Lázaro (Ramos),o Evilásio, que é escorraçado da minha casa e é o xodó do Juvenal.

Antonio Fagundes: No caso não sei se vai ser um embate muito agradável. Barreto é advogado do maior inimigo do meu personagem, o Ferraço. A novela ainda está no comecinho, mas eu acho que vai dar sim.


Existe a possibilidade de “Carga Pesada” voltar em 2008 - ASSISTA AO VÍDEO ? Antonio Fagundes: Existe sempre. Nós torcemos sempre para que volte, porque é um seriado que cumpre algumas funções importantes na televisão brasileira. Temos muito carinho por ele e ainda não chegamos naquele ponto em que a gente gostaria de chegar. Uma elaboração visual um pouco maior e uma dramaturgia mais elaborada. Na última temporada, nós chegamos a uns 80% do que a gente queria. Resultou num IBOPE muito bom.


"Nós torcemos sempre para que volte o 'Carga Pesada'", comenta Fagundes


Vocês sentiram diferença na atuação um do outro da primeira para a segunda versão do “Carga”?
Stênio Garcia:
Tem uma brincadeira que o Fagundes faz que eu gosto muito. O caminhão ficou mais alto (risos). Mas é claro que a gente teve um amadurecimento com o trabalho. Hoje em dia, nós não podemos fazer o Pedro e o Bino ágeis como eram, saltando no trem, pegando caminhão andando (risos). Mas tem outras coisas que substituíram, como o serviço social que o seriado presta dentro da programação brasileira, de denúncias e reivindicações.


Aos 30 anos de amizade, vocês têm intimidade para puxar a orelha um do outro?
Stênio Garcia:
Somos do bem. Às vezes a gente ouve boatos de brigas que não aconteceram.

Antonio Fagundes: Como somos do bem, eles inventam umas briguinhas entre a gente.


O Fagundes tem fama de galã. Mas entre os dois quem é mais vaidoso?
Stênio Garcia: Eu não sou mais bonito do que ele. Logo, demoro mais para me arrumar (risos). Por exemplo, eu pinto unha (risos).

Antonio Fagundes: É ele (risos).

Qual característica que um admira mais no outro?
Stênio Garcia: Eu gosto da franqueza absoluta do Fagundes. Eu viro as costas sem desconfiança dele. Ele pode mexer na minha carteira (risos).
Antonio Fagundes: Essa integridade, essa honradez, eu vejo no Stênio também. Mas acima de tudo o que mais me chama atenção nele é a fé que ele tem nas coisas, e que acabam dando certo. É muito bonito. É uma coisa que às vezes não tenho e que sinto que preciso.

"Fagundes pode mexer na minha carteira", diz Stênio

A amizade continua fora dos estúdios. O que vocês gostam de fazer juntos?
Stênio Garcia:
A gente tem uma saudade muito comum que é a mãezinha dele, que era a minha também - Dona Lídia faleceu em julho de 2007. Acho que isso era uma coisa que nos aproximou muito. Independente disso, eu gosto muito do sítio dele, em São Paulo, que é delicioso.

Antonio Fagundes: Essa semana nós fomos três vezes ao teatro. A gente está sempre junto. É como num bom casamento, as pessoas tem o seu espaço, cada uma tem a sua liberdade, mas estão sempre juntas.

"É como num bom casamento, as pessoas tem o seu espaço, cada uma tem a sua liberdade, mas estão sempre juntas", define Fagundes.
Fonte: Ego.globo.com

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